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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Senhor A.


E cá estamos. Eu e você. Reconheço-te honroso oponente. Sei teu valor. Só garanto que para ti não perderei.

Meu redor encontrava-se nublado, meus olhos só encontravam suas mãos, ó traiçoeiro. Fico imaginando que gesto fará a seguir. Que carta tirará das mangas, que peão desta vez moverá. Ouço então cada badalada desesperadora de um relógio da região soarem meia-noite. É o breu anunciando sua chegada, porém, dali jurei não levantar. Meu suspiro mais parecia um cortante reconhecimento da tão temida verdade. Patético. Já deveria saber que neste jogo não tenho sorte, pois vejo meus peões deslizarem suavemente para suas astutas mãos e percebo que inutilmente ainda luto. Seu bispo se mexeu. E como um estampido, meu interior humildemente congelou, estático. Um presente inesperado, uma rara brecha labial do inimigo fez-me corar, o cansaço sucumbindo-me pouco a pouco fazia-me exausta aguardar sua degradante piedade. Inesperadamente minha’lma rebelava-se, desobedecia majestosamente meus comandos. Meu “por quê” deixava a desejar. Sim, ele sorriu para mim. Devo dar pena. Desejava gritar, ansiava brutamente pelo cair de suas peças. Desfalecia a cada golpe. Saciava incompreensivelmente a fome por vingança com o nada. Apenas observava. Encarava perplexa o ar daquele ser superior, que como um caçador abocanhava sua presa, movendo sua rainha esplendorosa contra meu relez cavalo indomado.

Minhas peças...Meu ser, mais uma fez encarava o brilho daquele sorriso ao amanhecer. Onde o querer não é poder e muito menos ter é ser. Pesarosamente, novamente, a tão honrosa senhora foi abatida pelo seu mais honroso oponente, que para ela estendeu a mão, olhando-a furiosamente, jurando-a sem palavras que em seu jogo jamais venceria.

E cá estamos. Eu e você. Um valente e traiçoeiro oponente... Sei teu valor, sei teu clamor, ó tão conhecido amor. Caminharei ao teu lado então Senhor A. Pois sem ti, sei que nada mais pode restar. Aceite-me ou não... Será em vão. Pois em teu jogo não tenho sorte.

Á você, cheque-mate,

meu caro Amor.

1 comentários:

Anna Beatriz disse...

Caramba, muito lindo! você escreve muitissimo bem, beijão!