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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cavalo Paraguaio.


desesperador é o soar de cada relógio, que bate absurdamente sem frear os gritos agudos que o acompanhavam. pés apressados eram vistos saltitando por dentre lamacentas ruelas fedidas, que amontoadas, instantaneamente pareciam encolher. estampidos eram ouvidos ao longo entardecer, finos e agourentos. não somente um, nem dois, quinhentos ao mínimo. números avantajados como a ambição social. a cada esquina faces simultâneas eram vistas, seus rostos desfigurados por expressões amedrontadas, ora sucumbindo à loucura interior, ora buscando suporte alheio. O caos estava situado na cidade maravilhosa, ambientes ocupados por quem à morada procurasse era atualmente campo da guerrilha semanal. Inexistente segurança, promessas de meia-boca. Além do sol nascer quadrado, quem de lá não saia comandava as mairionetes que por fora passeavam. Ataques, explosões, paredes sangrentas eram o cenário perfeito do tão temido filme terrorista antes iniciado a base da tese que ao grená riscava o embraquiçado papel inapreendido pela polícia. Como silenciosos gritos, a população firmou o pé. Bateram ao peito, e como um rompante quiseram ter a certeza que acordariam na manhã seguinte, sabendo que o bombardeio talvez valera a pena. Quadrilha vai, quadrilha vem, era a hora da passeata, hora de brandindo a bandeira pelo corpo jurado protetor de seu país ir à luta por um futuro melhor. 16 horas de uma tarde longa, era o apito final. o fim do prazo. fim do acordo. até o momento, poucos haviam levantado suas armas a cabeça e buscado rendição. Era hora de invadir, abrir caminho por dentre os precipícios hoje ensolarados. Era fuga, fuga! Gritos de "Peguem ladrão!". Mas não pegaram... Estiada a bandeira foi, ao topo do mastro parou, balançando ao vento que soprava num fim de tarde movimentado. Sorrisos inocentes eram reconhecidos em rostos antes passados despercebidos. Olhares brilhavam como holofotes em sua maior potência. Era o estado de mãos dadas, caminhando para juntar o quebra cabeça de mil peças. 2x0,2x1,2x2 só podia ser um cavalo paraguaio mesmo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

como a velha inocência,


as vezes tudo sai do lugar, os pés fazem-se cabeça e as tripas,coração. a incessante busca pela verdade ora sufoca ora engorda. chocolates aleitados são requisitados por dentre noites frias de Novembro quando os cobertores tornam-se utensílios do cotidiano feminino, galgando degraus até ocupar a mesma posição de importância que o esmalte cintilante rosa blasê. encarar o espelho é só mais uma esquina até a estação final. logo depois vêem-se os cacarecos pelo chão, pequenas facetas quebradas pelo tempo, como acidentes de percalço. até que o airbag te empurra e braços agarram-te antes que caia, como letras musicais sem melodia, deixando a brisa soprar o som mais gostoso de se ouvir, seria aquela voz acrescentando sorrisos e uma pitada de pimenta-do-reino para dar gosto ao enjoante amor. os braços te seguram e o frio cortante te arranha a pele com passar do tempo, pelo simples e ameaçador. vulneráveis dias caminham com o intuito de chegarem e fazer o presente tornar-se passado usando o apenas "adeus". são passos leves sob areias fofas do sul, dedos entrelaçados balançando abobalhadamente enquanto o rádio xia procurando a estação habitual. lábios quentes aquecem e colocam tudo no lugar, ou terminam de espalhar o que ali e aqui ainda estava escondido. lábios espelhados tocam-se, vidro, com vidro. dois, um. onde quem quer buscar a sua verdade, dividi-se ao meio tentando encontrar o mapa da mina. abobalhada realidade,ser humano de facetas teatrais, sem imaginar que sua verdade está escondida nas vidraças mais próximas, porque quando começamos a expressar nossos sentimentos, é difícil parar...
*correr atrás do que realmente queremos é uma obrigação!

sábado, 13 de novembro de 2010

dedico-te amigo,

essas penas perfuram tais papeis com o intuito de levarem cores ao notório cotidianho acinzentado alheio. improvável tentação, o mais pedido é dizer não! gritar, abrir as asas e voar, mas se for ao infinito terá a sensação de saber que virará poesia na boca do povo, por busca de mudança, de paz ao invés da guerra, por querer sonhar e realmente exagerar. é uma nova geração, que diz querer dinheiro, seduzível, onde de dez à cem, tem mil. largados ao mundo com a áspera violência social. palavras machucam, coração mata. É hora de ir à luta, com espada e refletor na mão, colocando cara a cara o acovardado ator das emoções. que venham cavalos alados de galopes em galopes, derrubando dragões alienados que cismam com o irreal. amor é pra quem pode, crescer é pra quem quer. vem e dança na chuva, só não espere acontecer, aprenda os passos e caia na noite, sem querer saber o que depois irá fazer.
* aliás, multas de transito matinais podem assustar, cuidado para não vir alta demais, o preço poderá ser sua vida.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

se sbocciano i fiori,

onda absurda de fogaréus coloridos saltitam por dentre entranhas conhecidas. meramente familiares. chamam-se lembranças passadas vividas outrora no presente. quem disse pra aquele lá que disse pro lá da esquina, riu de muito já passado. galgando aos poucos os dias ameaçados por trovoadas estrondantes, de onde ventanias chegam. ora bem, ora mal. ora ruim, ora bom. faces refletidas nas poças lamacentas de esquina, horas que engatinham e melodias acompanhadas de cafés aleitados na xícara de vovó. e se forem rosas, florescerão.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

nada muito interessante,mas...


deixa comigo que desde que o mundo é mundo eu sei me cuidar. passam mares e chove cada vez mais, inundações. moradias dos corações vão por água abaixo. privadas talvez. porque ficam podres. toda vez, é só alguém puxar a descarga que tudo volta pro limo. infeliz realidade, romanticos de meia tigela. se o sol fizesse um sorriso em cada aparição tava tudo muito bom.



desculpem o desabafo, é que meu coração está apertado como calça jeans PP.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

doze.


é chuva de Outubro, que deixa marca na estação. cheiro de terra molhada, neblina cobrindo a visão. simplicidade. como pequeninos botões de rosas que despertam a cada manhã, cafés esquentados do dia anterior e montanhas de lençóis avermelhados espalhados por dentre camas usadas. são pequenos detalhes. estrelas que ainda brilham mesmo que cansadas pelo tempo, lua que vai e vem, sol que nasce e se põe. dedos já envelhecidos entrelaçados, ela olha- encantamento; ele olha- paixão. são minúsculas partículas detalhadas. é alice, beatriz, joseane e rosana. é bruno, luiz, bernardo e joão. é casal, é amizade, é amor , é ilusão. são nomes, características, são pessoas do mundo então. é um sonho, da velha infância talvez. "pirulito que bate bate, pirulito que ja bateu. quem gosta de mim é ele, quem gosta dele sou eu." "bate relógio bate, faz o telefone tocar, quando ele fizer barulho, a voz do meu amor vou escutar" são memórias. Inocência. beleza de uma taça de champanhe que embebeda os embebedados pela vida. bolhas de estresse. veias saltitantes. cotidiano que gira gira. chuva de Outubro espero que venha de novo, gostei de você. De verdade, de você eu gostei. Seu cheiro permaneceu em mim por um bom tempo...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

café com leite,


Coragem. Qualidade apreciativa. Poucos a tem. Vontade. Passageira ou não. Mundo de querer. Querem tudo e nada fazem. Um chove e não molha sem fim. Nevascas de gargalhadas por rua à fora. Sobe e desce de expressões. Inexpressões. Coragem. Alguns têm. De tudo, para tudo. Futuro. Silêncio. Prazer, presente.



(um jogo onde todos somos iniciantes)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ACE.

Estava escuro. Por dentro e por fora. Diferente. Mobília fora do lugar, novamente. Pedaços que antes tinham sido remendados pela cola do tempo, esperneavam sem vontade de voltarem ao seu lugar. Mobília velha. Doía. As partes decorativas não mais estavam unidas, e para junta-las, doía. Não tinha luz. Mas Alice optara por isto ao cair na toca do coelho. Estivera o tempo todo ciente dos males vindos com a rainha vermelha. Aceitara. De bom, muito bom grado. Era um labirinto. Talvez de mobílias velhas. Pobres mobílias velhas. Palavras que embaralhavam-se umas nas outras. por culpa de Alice. Destemida Alice. Que lutou, lutou, e chicoteada foi por si mesma. Em um passado não tão distante, eram possibilidades apenas. Pontos brilhantes que ora apareciam ora não. Alice já acostumara a correr atrás do coelho. Suas pernas, já estavam cansadas. Não havia um ser que de Alice e suas obras entendesse. Um tanto humilhante para a loira de tiara branca, pois cascatas jorravam esplendorosamente por dentre seus gigantescos cílios. Mesclando felicidade. Talvez. Eram belas. Cintilantes. Mas Alice não gostava delas, queria o coelho achar. O breu refletia naquele espelho meia lua vindo de presente na época natalina passada. Por hora, ela também buscava o chapeleiro. Mas já não era tempo. Devia apressar-se. Correr para da toca sair. Mas a mobília, ainda fora do lugar, de nada adiantava. Alice permaneceu. Só. Rodar em círculos talvez já não fosse tão necessário, já que o chapeleiro para a rainha vermelha sucumbiu. Doía. Já que não tinha luz. Parabéns coelho. Alice te ajudou a escapar. E a ela, quem ajudará?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

letras soltas.


Padrão. Como rosa no branco. Como estrelas no mar. Comum. Como sopa de letras.
Do justo ninguém cobra. Do fraco o injusto dúvida. Ciclo vicioso. São máscaras comparadas a faces públicas. Peça diária. De ladrão à herói. De mocinha à vilã. São memórias. São as duas faces da mesma moeda. O certo e o errado. O rei e a rainha. A dama e o valete.
Notoriamente, comum. Do dia, noite. Do verde, marrom. Do barro,água. Da vida à morte. Teatralmente a facilidade exposta. Simplicidade, veracidade, humanidade, saudade... dos tempos de vovó, onde os raios de verão emanavam a cobiçada paixão.




-breve trecho de uma noite tediante.-

sábado, 2 de outubro de 2010

podre realidade.

Rato anda com rato. Gato perambula com gato. Cobra não cisca. Pato não muge.
São comparações. Indiscutivelmente repugnante. Do barro água, de céus, montanhas. Há quem diga que o sol se chama lua. Há quem concorde que o azul é rosa. Tem quem prefira que o passado permaneça no ontem. Existe quem goste de trazê-lo para o hoje. Tem criança que gosta de doce, tem gente que criança mais não é. Tem gente como a gente que anda por essas ruas e não sabe que gente é. Camaleões. Misturam-se com a poluição alheia, vindas da cegueira social. Tem rato que come gato. Tem pato que cisca cobra. tem de tudo nesse sistema social. Aja desigualdade, vejo notas de cem sendo jogadas ao vento. Tem cobra que pega, é, tem sim.
Ponte futurista, um domingo ensolarado, possibilidades vindas dos sete mares. Vem, vem, chega pertinho e faz mudar, que de desigualdade, o rato já tá cansado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

pride vs love


Armados contra o próprio destino. Orgulho e preconceito. Ambas as armas apontadas para o espelho. Involuntariamente a dama de vermelho retira sua máscara e ajoelha perante o amor. Pateticamente em vão. Dois que se mesclam e tornam-se um com cada cair de uma noite. Dois atores vestidos para o combate. Corpo a corpo. Alma a alma. Cada qual despedaçado interiormente e sem palavras que jurassem nunca desistir. Instinto. Animais rodeando-se a procura da presa perfeita. A busca do abraço essencial. A tal momento, a dama de vermelho encontrava-se perdida dentre as relvas da vida. Perambulava dentre pensamentos oscilantes e queixava-se de um coração bandido. A tal soar do relógio, era o dia da presa. Ou então do caçador. Da dama, ou do seu amor. Pensamentos jogados ao vento, como pássaros que aprendem a voar. Um futuro incompreensivelmente tentador. Ou um passado irresistivelmente convidador. Ciclo vital.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

I want.



Liberdade. Como borboletas que sobrevoam os céus acinzentados. É pular de um precipício e voar ao infinito. São pedras que se mesclam formando a ponte ao paraíso. Que sentimento oriundo, tão confuso. Bater no peito e falar “eu quero”. Marchar pela vida querendo se encontrar. É tudo liberdade. De expressão, tem que fazer, crer e ver. Revolucionário. Liberdade. Se embrulhada em uma caixa, cobiçada seria. Se já não é. Liberdade. Vontade, é ter coragem, correr e lutar. Brancos, negros, altos, baixos, gordos, magros, soldados da vida. Querem mais é a liberdade. Famosa e traiçoeira. Perspicaz. Liberdade. Passarinho querendo abrir as asas e cair, menina de trancinha que quer o mais alto alcançar com aquele reles balanço.

domingo, 12 de setembro de 2010

passado.

antigas lembranças, encontradas no fundo baú de minhas memórias. deguste-as, essas palavras possuem um gosto bom, são banhadas naquele antigo amor.


"Fragmentos de uma apaixonada.

As horas passam e eu não saio da beirada da janela. Pergunto-me a que instante chegará querido, não sei por que tanto demoras. O chá já está à mesa, vesti azul, sua cor favorita. Deixei meus cabelos soltos ao vento dessa manhã para que pudesse sentir o cheiro de jasmim, a essência de meu amor. Já me peguei tantas vezes esticando o pescoço para poder olhar a esquina, e nada de você. Sonhei tanto com este momento, já faz tempo que não o vejo, e minha barriga está tomada por borboletas, até coro. Conforme se passam os minutos perco as esperanças querido, acho que não será hoje que desfrutarei de sua companhia. Mais queria. Queria poder acariciar suas mãos, beijar de leve seu pescoço e te deixar arrepiado. Queria aninhar-me em teus fortes braços e deitar a cabeça em seu ombro enquanto admiramos o entardecer, queria meus lábios desenhando os seus daquela forma que desfrutamos verão passado, queria você para sempre ao meu lado. Joguei-me na cama já desanimada, sem esperanças, senti meu coração apertar-se em três, e as borboletas aos poucos indo embora. O azul, não mais importava. O chá já esfriara. E você não chegava meu amor. “Por quê? Acho que não sou tão digna assim de tua companhia, ou então, desistiu... De nós.” Agarrei o travesseiro como se fosses tu. Brinquei com as frases que deslizavam pela minha mente, arranquei aquele vestido de mim, apenas uma camisola serviria para uma manhã sozinha. O sol já se escondia, e nada. E logo hoje, a rua fora ficar excepcionalmente vazia. Notoriamente vazia. A essa altura o chá já perdera o gosto da minha paixão efervescida. E novamente nenhum rastro seu, ou ao menos um telefonema, nada. O amor nos corrói pouco a pouco, nos leva ao mais alto céu, regras são desrespeitadas pelo coração e constantemente ilusões são projetadas na mente daquele que tudo quer. Inocente e abobalhado. Assim é descrito o apaixonado. Queixei-me de uma dor intima. Queria você aqui para cuidar de mim, me oferecendo aquele colo aconchegante e mãos desastradas que deslizavam pelos meus cabelos emaranhados, me fazendo rir. Queria noites ao seu lado, mãos entrelaçadas, olhares compreensivos e carinhos que a muito não reconheço. Mas querido, se eu não tivesse tudo isso, não importaria, queria ter você, só você. Anoiteceu, já decididamente caminhei para o encontro da realidade. Deitei e sonhei... Com você. Senti meus pés frios formigarem, meu corpo todo mais parecia estática e percebi que o sonho era bom. Mas ao acordar, vi a mais linda sombra no peitoril de minha janela, admirando o sol que se pusera há pouco. Corri ao seu encontro, tropecei, e ri de mim mesma. Encontrei seus lábios. Doces e macios, do jeitinho que me lembrava. Seus braços me acolheram, ele sentiu o jasmim, viu o azul jogado no chão, riu, e sussurrou: “desculpe querida, me atrasei, quero-te mais que tudo, perco-me em teus olhos cor de mar e só sei em você pensar. Não consigo mais nada fazer, tive que vir aqui, meu coração pedia você e acho que não posso desrespeita-lo. Ele manda em mim, ele é seu, só seu.” Balancei a cabeça, sorri e gritei interiormente que era um sonho bom, a ilusão de uma apaixonada.

Fragmento retirado de uma memória quase esquecida. "

“Gossip Girl.”

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a look at the world


Dia como outro dia, que antecede uma noite fria. Foram vistas máscaras de soldados indecisos que caminhavam apáticos por dentre ruelas fedidas. Podre humanidade. São verdades nubladas e misturadas com o doce sabor das mentiras, sopa de palavras, tem mais é um gosto de veneno. Como cobras, escolhem suas presas, observam, observam... E abocanham o frágil oponente, para só depois se darem conta do estrago que causaram. Serpentes venenosas, velhos e astutos atores da vida. Frases de meia boca, suspiros cansados, honorários feitos pela metade. Sedentária e viciada humanidade. Acomodados. Indiscutivelmente patrões dos patrões, estranhos dentro de suas casas, conhecidos de bares e botecos da região. Adúlteros. Corja insignificante que cisma em magoar que não foi magoado. Como um ciclo vicioso. Endinheirado que joga dos ares pares de mil e dois mil. Gritam à multidão que podem e não fazem porque não querem, um brinde ao egoísmo humano. Vitimas da própria sorte, escorraçados por quem os deu a vida, não a mãe, julgam então que o criador não os quer. Os eles não o fazem quere-los. Algo do gênero. São armas apontadas para o espelho. Quem reflete não se vê. Precipícios quentes e expressos muitos desejam. Dias como outros dias... Uma comum realidade, com acessos de uma raiva repentina, sorrisos forçados e olhares desencontrados. Tudo por um roteiro. A programação diária de quem vê o filme degradante da sociedade. Cara esperto aquele lá de cima, já fez, hoje faz, e amanhã refaz. Em uma esperança eterna, de um dia acertar. Dia como outro dia, que antecede uma noite fria. Acho que vou tomar um chocolate quente e esperar por mais um capítulo da novela da vida. Está boa. Não arrisco um palpite do mocinho ou do vilão, meu mundo está fechado pra visitação. São coisas que eu sei.

sábado, 4 de setembro de 2010

O Conto do Elixir


[ATENÇÃO:LEIA SE TIVER PACIÊNCIA]


Em uma ruela sem saída, existia um cortiço sujo e desprezível que abrigava uma mulher de aparência desgastada de seus quarenta e sete anos, cheirando mal, com vestes que mais pareciam farrapos e dentes amarelados pelo tempo. Esta residia a tempos sozinha, amargurada e sem mais para onde correr vagava pelos becos a procura do que chamava "do mais doce elixir". Em uma tarde um tanto ensolarada, passeava pela a rua da frente, um casal juvenil, com boa aparência, tagarelando e rindo as soltas. Ela vestia seda.. A mais pura seda. Seus cabelos negros faziam contraste com sua pele de giz, e seus olhos caracterizavam a mais preciosa esmeralda. Ao seu lado, encontrava-se um belo rapaz, um tanto magricela, com a pele no mesmo tom de sua companheira e cabelos dourados esvoaçantes. Seus olhos refletiam os dela. Algo parecia ter acontecido, algo bom por assim dizer. Aos trotes os dois iam, pareciam não saber onde parar. Já deveria ter passado do meio dia quando aos sustos de cara deram com a velha do cortiço. Abruptamente o sorriso ecoante da menina se desfez, dando lugar a uma linha rígida de expressão. O jovem logo se pôs a frente, em posição defensiva. Não imaginava ele que nada deveria temer. Porém a velha olhou e olhou... Deu um passo em falso, titubeou e se desequilibrou. Abriu a boca, e nada falou. Os pássaros cantaram. Não faziam isso a anos. O sol se escondeu como a muito não fazia. Havia passado dois minutos se muito. E então, a mulher fez sinal para que o casal a seguisse.
Ambos se entreolharam. Nenhum passo foi escutado, se não fosse aquele antigo andar gasto agora um tanto apressado da velhota que a frente abria espaço. Como se tivesse uma certeza, sem olhar para trás, a mulher abriu o portão enferrujado daquele cortiço e caminhou para dentro, somente parando para tirar plantas mortas de seu beiral. O jovem a observava do outro lado da rua, sem deixar uma brecha para a dama a encarar. Não existia uma alma viva na rua, nada que os pudesse ajudar. E dali, não sabiam sair, ou ao menos voltar. Provavelmente não faziam ideia de como ali chegaram. Patéticos seres abobalhados crentes no mais poderoso veneno humano. Aquele que ama vê o que quer e o que sente adormece sem saber. Eles prosseguiram. O rapaz talvez achando que mal nenhum uma relez velha de um cortiço abandonado poderia fazer. A moça, um tanto temerosa, tropeçou em dois degraus, fazendo um barulho estrondante ao bater seu sapato na beirada da porta. Entraram. Escuridão, o breu os esperava. Fedia aquele lugar. Mais parecia que uma daquelas portas guardava um cadáver. Deveria ser algum moribundo da vizinhança. A mulher havia sumido. E o cortiço não era tão grande. Um pouco maior que uma cozinha, com uma escada em caracol,levando a andares desconhecidos. Subiram, mais e mais. Já cansados e prestes a desistir, abriram uma das últimas portas daquele desprezível terceiro andar e deram de encontro com a velhota sentada em uma cadeira de balanço olhando pela janela, ao longe, talvez a linha do horizonte. Um pigarro. Dois. Três. Ela levantou um dos dedos finos e apontou para uma cama mofada que encontrava-se encostada a uma parede descascada e úmida. A jovem possuía uma mistura de temor e curiosidade. Pensara já ter passado por aquele portão anos antes, mas a memória era vaga, e ao passar os olhos pela saleta, deparou-se com um antigo porta-retrato com a foto de um bebê gorducho e sorridente. Deveria ter uns trinta anos aquela recordação. Seu papel já estava amarelado, como muitos objetos pareciam estar. O jovem ao contrário, estava robusto como nunca estivera antes, seu nariz quase ao teto chegava, talvez pela fedentina. Um som foi surgindo aos poucos...
__E..eu, eu já vi vocês antes, sussurrou a velha. Os vi outro dia mesmo por esta ruela vazia, andavam feito tontos. Sem saber para onde ir.
Nada falaram. Olhavam para o chão. Talvez para os bichos que marchavam pelo assoalho.
__Moça, deixe-me ler a sua sorte. Falou a mulher desgastada para a linda jovem que a olhou espantada pelo pedido.
__Mas a sorte, ela não se lê. Ela se tem! Não darei a minha para a senhora. Esbravejou a menina ofendida.
__Não a quero. Somente preciso ler. Se quiser, quando eu terminar, poderá ir. Livre para o infinito.
Esta fez que sim com a cabeça, surpreendendo o parceiro que ainda encarava o chão, com seu nariz quase acariciando o assoalho. A velha soltou um suspiro e fez um sinal com a cabeça para uma portinha que dava para o sótão. De inicio, a menina se negou, mas cedeu. Foi. Deixou o rapaz encolhido perto da janela, sem uma palavra dizer.
O sótão era menor do que a saleta em que estavam, úmido e com poucos móveis, agrupava poeira para onde quer que olhasse. Possuía uma mesa, e duas cadeiras. Mais parecia algum comércio. Algum antigo comércio. A jovem sentou-se e encarou friamente a mulher que agora possuía uma feição esbelta em uma cadeira volumosa.
__É algum tipo de cartomante? Tagarelou a menina.
__ Não. Expressou-se a mulher.
__Então o que é?
__Curandeira.
Instintivamente a jovem tirou sua mão, porém, como por reflexo, a velha a segurou. Acariciou, e logo depois suspirou ao fechar os olhos. Perguntou:
__ Por que não está feliz? Aliás, você mente. E muito. O que quer? Um mundo a desbravar? Não... Um poço de moedas cintilantes? Acho que não.. Um amor?
A menina assustada, puxou fortemente seu braço, fazendo que como um rompante a velha abrisse os olhos e soltasse uma leve risada.
__ Como sempre. Então a senhorita quer o elixir. Pareceu-me tão segura de si pela janela. Suas bochechas coradas não me enganaram...
__Mas do que fala sua velha? Perdeu o último juízo que possuía? Eu tenho meu amor!
__Ah, tem? Então, prove. Corte-se com essa navalha, um leve corte, para somente uma gota jorrar e provar que seu amor é mais forte do que essa relez vida que tem.
Os olhos de esmeralda estavam possuídos pelo ódio, suas entranhas corroíam pouco a pouco, suas mãos tremulas alcançaram o objeto pontiagudo e cintilante e em questão de segundos mais que uma simples gota jorrava daquela cadeira. Coitada. Estava morta pelo amor. Tão linda, e enganada pela própria vontade de amar.
A velha murmurou e levantou-se ao encontro da porta. Encontrou o menino encolhido, com as mãos sob as pernas, se minutos fossem depois, estaria em posição fetal. Ela fez com o dedo, um gesto para que entrasse. Rápido, ele foi. Exultante para a namorada encontrar. Pálido ao encontra-lá estirada no chão por cima de uma poça avermelhada. Não correu. Caiu sobre a menina com as lágrimas jorrando feito cascatas sem se dar ao trabalho de olhar para a velha do cortiço que a passos rápidos trotava para cima dele. Um grito agudo e notório. Outro final.
Já era o cair da noite quando a mulher retornou para as escadarias principais, sozinha. Outra vez sozinha. Sem o elixir. Sem o amor.
Quem ama, faz loucuras, quem ama quer sempre mais. Existem mais mistérios entre o céu e a Terra do que o homem pode adivinhar. E a cada cair do sol, a cada canto dos pássaros, um novo amor surge, uma nova esperança nasce, e uma nova decepção caminha ao encontro do abobalhado apaixonado. Quem muito quer, de quem muito espera, necessita de uma boa dose do elixir. Porque sem ele, a velha não existe. Sem ele, a vida não existe. Do jovem casal, restou o passado. Velha que se chama vida, prega peça em quem gosta de ficar na frente da plateia pra ver o espetaculo começar. Ah, o amor... Só se for a dois.

minha autoria.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Palavras soltas.


Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.* Nesse mundo desprovido de mágica os desejos mais parecem figuras distantes. Mais parecíamos vigias de nossa própria prisão sentimental, cavalgamos inutilmente dentre esses vales chamados ruas, nos imaginamos infantilmente em histórias que saltitam de princesas desesperadas a procura de suas maiores fantasias amorosas até dragões gigantescos combatendo o tediante transito semanal. Tantos sorrisos escandalosos são nublados pelo desesperador soar dos relógios matinais anunciando a ventania problemática que flutua pelo céu a procura de mais uma vitima do destino. Um brinde a amizade, a felicidade, a prosperidade. Que um dia chegará. De grão em grão. De minuto a minuto. Sempre inovando. Talvez a tão dita lei da vida.



* = Fragmento de William Shakespeare

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

theater masks


A vida é um concurso de beleza. Nada nem ninguém podem o contrário disto dizer. Um manual quente e expresso muitos querem. Poucos possuem. São escolhas e dedos entrelaçados que não voltam. São sorrisos que se apagam com o cair de uma noite e renascem com somente uma fagulha ao raiar de um dia. São inexpressões. A vida é um palco. É uma peça. Peça de quem prega peça. Romance, tragédia, comédia. Quem quiser escolher, que fique a vontade. Tem de tudo, do bom e do melhor. Muitos querem o pior. Também tem. Tem de tudo. De tudo um pouco. Talvez a vida emoldurada em um porta-retrato. Digital. Porque agora, ninguém quer o velho. O usado. Belezas,lembram? Bate o martelo advogada do D. critica da peça. Quem é o feio, quem é o bonito? Quem é quem? As máscaras caem com a última badalada. As cortinas se fecham. A luz se apaga. E o manual continua perdido... Se é que ele existe.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dilemas da mãe V.

De tão surpreendente o entardecer é, que nos faz imaginar como será a noite. Perambulamos sobre o tempo de um modo inexplicável, levantamos vôo como pássaros que caem de seus ninhos. Caminhamos sobre o mar como quem nada quer. Gritamos ao nada o nosso gigantesco e irredutível tudo. Ganhamos espaço na multidão. Aprendemos a dizer cada som, cada palavra, cada frase, cada arrogância e aprendemos também a esconder cada medo. Quem disse que me disse, que disse pra aquela lá que disse pra esse aqui que berrou pro lá da esquina que a vida é injusta, tinha razão. Um chá de tolerância espera aquele que tudo quer. Já para os desocupados, a mãe V, oferece um comprimido de realidade, talvez sirva. Do mais previsível, do mais rotulado, saem as divinas e complexas palavras de suporte. E do mais lindo dia, do mais radiante sol, da mais forte lembrança sai o tal entardecer, acho que se chama esperança.

sábado, 17 de julho de 2010

A CARTA.

Cara liberdade,
estou em sua busca já não faz muito tempo. Os caminhos tem sido tortuosos e já me canso facilmente. Teu paradeiro é um mistério, e os mapas são desnecessários. O ponto x nunca se aproxima. Meus companheiros ora caem oram levantam-se. Encontram-se d esgastados.
Minhas entranhas anseiam por ti, e enquanto você não chega, tudo piora. A cada batida do relógio ouço seu nome quase como um clamor. Meus olhos já não querem tal escuridão domada. Querem mais. Sempre mais.
A cada dia dessa viagem, pergunto-me como será o amanhã sem ti. Encaro cada pôr-do-sol e cada cair de uma noite na espera da tua chegada.
Enfureço-me com sua demora, faço do barro água, quebro meu mundo em mil pedaços, movo montanhas... E nada de você.
Queria te ver.
Nem que só por um minuto.Afinal, eu mudei... Sinto que com um leve estalar de dedos familiares, tudo pode outra vez acabar.
Doce viajante, esta aventureira que aqui te escreve já esta cansada.
Retorne para casa.
Preciso de você como um passaporte para o mundo desvendar.

Abraços,
A Prisioneira.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Vai e vem de palavras...

Tem horas, só horas, talvez minutos, que a caneta torna-se a mais leve pena e sai por si só, querendo abrir rachaduras no papel, marcando seu território. Tem momentos, que como um turbilhão, as palavras saem e mergulham na imensidão esbranquiçada, colorindo e embelezando o nada.minhas letras querem crescer, estão tornando-se lindas palavras, sorrindo a cada frase completada.querem gritar ao mundo e não consigo mais sufoca-las. aos poucos viram frases, quase que engatinhando...Vão crescendo, envelhecendo, até que enfim as pessoas se cansem delas...Com títulos me embaraço e em meus personagens me identifico.

Onde no mundo dos sonhos o impossível torna-se o reflexo daquele que mais sabe. E aquele que mais sabe torna-se o protagonista do espetáculo da Terra do Nunca. Que bebezinho lindo essa frase se tornou.

Daqui a algumas linhas talvez já seja adolescente. Será tão complicada...

E depois? Ah, depois vem os maduros e belos parágrafos adultos...

Onde...

Do pôr-do-sol eu retiro o mar.

Das rajadas de ventos capturo nevascas.

Em meu mundo as bonecas de porcelana refletem a mais bela ignorância humana.

O azul vira o rosa.

E a vontade se desfaz ao término de uma prosa.

Quero terminar com chave de ouro, na experiência das minhas palavras anciãs.

Sabendo que,

O vôo longínquo está presente no mais forte pensamento, naquela intensa imaginação, no brilho cegante de um olhar perdido, e no sorriso amarelo daquele que foi surpreendido.

Caracterizando a última linha.Não escrevo mais...Afinal só há espaço para o fim, a morte das palavras, onde tais, descansarão, no mais profundo sono, na mais bela nuvem do mais distinto céu.




quinta-feira, 1 de julho de 2010

A velha história da nova Cinderela.


Menina dos olhos de ouro não chore pela solidão.Ressuscite teu coração, domine-o pela razão, reinvente-o por paixão. Sua confusão reside nesta mente paralela, oscila dentre seus caminhos, titubeia pelo zigue-zague da emoção. Princesa de teu conto de fadas recolha teu relez sapatinho, abra lugar dentre a relva sombria. Mostre que não está sozinha. Guerreira de sua batalha crave a espada no peito de quem um dia a feriu. Menina dos olhos de ouro, não se apegue facilmente ao astuto bandido, não entregue de bandeja tua virtude ao ladrão.

Espante-o para longe, encare sua verdadeira prisão. Suas muralhas do coração. Pule-as se precisar, mas não volte a pensar. Não no que a tanto tenta evitar. Vá de encontro a felicidade menina, crie coragem e veja que sol ainda brilha e que o melhor ainda está para chegar. Quem sabe um dia, quem sabe uma noite, uma tarde talvez de verão. Como um antídoto, como uma cura. Quem sabe então um dia chegue. São jogos de palavras, é a brincadeira impetuosa do mestre da razão. Vulgo coringa. Esconde-te atrás de cortinas vermelhas, usa de suas vestes máscaras teatrais. Caminha pelas ruas como por um palco. Gargalha do destino que para ti não passa de um alvo. São os jogos da emoção. Nobre corcel que viestes de tão longe, toda balburdia outrora será em vão. Pinóquio, um dia gepeto não mais aqui estará pensando em te ajudar. São expressões contraditórias, são inexpressões. Confunde a ti mesmo, nubla tua própria mente. Vulgo apaixonado. Não pela emoção, mas pela solidão. Pergunto-me a que soar do relógio teu ser parará. Medroso apaixonante, como um circulo vicioso repete-se a velha história da nova Cinderela.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

imaginesonhos,


Originados de açúcar, de mel, de minúsculas partículas de vento, de escandalosos sorrisos, alguns sonhos são sonhos, são ofícios da realidade. São aflorados com o ardor da idade, compostos do vice-versa dos prazeres, chamados de anjos do destino, da fugaz imaginação. Oriundos, arrasadores, avassaladores. É a infantilidade humana sobre os olhos críticos dos abobalhados crentes na ilusão. É doce em boca de criança. É chuva em uma seca. Irritantemente comparados a nevascas de quarenta graus. Imaginesonhos, talvez um relez acompanhante, um ambíguo trapaceiro. Jurando amor pelo passado, caminhando tortuosamente pelo presente, suspirando pelo futuro, emoldurando a vida no ciclo vicioso de uma tempestuosa mente adolescente.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Senhor A.


E cá estamos. Eu e você. Reconheço-te honroso oponente. Sei teu valor. Só garanto que para ti não perderei.

Meu redor encontrava-se nublado, meus olhos só encontravam suas mãos, ó traiçoeiro. Fico imaginando que gesto fará a seguir. Que carta tirará das mangas, que peão desta vez moverá. Ouço então cada badalada desesperadora de um relógio da região soarem meia-noite. É o breu anunciando sua chegada, porém, dali jurei não levantar. Meu suspiro mais parecia um cortante reconhecimento da tão temida verdade. Patético. Já deveria saber que neste jogo não tenho sorte, pois vejo meus peões deslizarem suavemente para suas astutas mãos e percebo que inutilmente ainda luto. Seu bispo se mexeu. E como um estampido, meu interior humildemente congelou, estático. Um presente inesperado, uma rara brecha labial do inimigo fez-me corar, o cansaço sucumbindo-me pouco a pouco fazia-me exausta aguardar sua degradante piedade. Inesperadamente minha’lma rebelava-se, desobedecia majestosamente meus comandos. Meu “por quê” deixava a desejar. Sim, ele sorriu para mim. Devo dar pena. Desejava gritar, ansiava brutamente pelo cair de suas peças. Desfalecia a cada golpe. Saciava incompreensivelmente a fome por vingança com o nada. Apenas observava. Encarava perplexa o ar daquele ser superior, que como um caçador abocanhava sua presa, movendo sua rainha esplendorosa contra meu relez cavalo indomado.

Minhas peças...Meu ser, mais uma fez encarava o brilho daquele sorriso ao amanhecer. Onde o querer não é poder e muito menos ter é ser. Pesarosamente, novamente, a tão honrosa senhora foi abatida pelo seu mais honroso oponente, que para ela estendeu a mão, olhando-a furiosamente, jurando-a sem palavras que em seu jogo jamais venceria.

E cá estamos. Eu e você. Um valente e traiçoeiro oponente... Sei teu valor, sei teu clamor, ó tão conhecido amor. Caminharei ao teu lado então Senhor A. Pois sem ti, sei que nada mais pode restar. Aceite-me ou não... Será em vão. Pois em teu jogo não tenho sorte.

Á você, cheque-mate,

meu caro Amor.

domingo, 6 de junho de 2010

the lovely bones



A inquietude dos sonhos é estranhamente familiar aos fracos. Outrora, olhava-me no espelho e meu reflexo nada transparecia. Jurei, que deste mal, não viveria. Finquei meus pés em terra e gritei aos céus, que isto, jamais deixaria brotar em mim. Em vão. Hoje me considero uma fraca. Orgulhosa e desprovida de martírio pessoal. Vivo em um mundo real, com catástrofes e duelos por um coração. Todavia, acho que vejo dragões, princesas em apuros e um pote de outro ao final do arco-íris. Como disse, fraca. Fraca de razão com um toque de emoção. Perco-me em meus pensamentos que vagam de um canto a outro sem um destino fixo. Ele é curvilíneo, nem é tão alto assim, seu embarque vem a todo instante, na mesma estação, no mesmo trem descarrilhado. Sonhos geralmente faziam-me rir, gargalhar inutilmente da ilusão que este causava. Sonhos eram sonhos. Recheados de caramelo, talvez chocolate, tinham na verdade sabor do mais puro algodão doce. Eram bons, são bons. São ilusões. São traições. São meus, são seus. Sonhos são sonhos.

É a nuvem mais alta, no mais alto céu, na mais alta lembrança de quem tem esperança. Esperança esta que tem como nome, estação final. De lá, deveria descer. Esquecer. Agradecer. Ver o trem partir, chacoalhando, voltando para pegar os atrasados. De lá, deveria crescer. Viver.

Bela dama, dama bela. Abra os olhos, seu mais puro algodão doce à espera. Seu sonho é sua vontade, não tenha saudade. Pois sei que intimamente convoco as lembranças do passado, suspiro pelo que ontem fui buscar, chorando o tempo já desperdiçado.




(Para a menina que esqueceu de ser menina, que logo virou mulher. Não uma mulher velha, porém, uma velha mulher. Com sorrisos ocultos e memórias apagadas. Não ela não é especial. Ela só não cresceu. Dedico-te então, relez senhora de quinze anos.)


terça-feira, 1 de junho de 2010

Le réalité de amour


Era lua cheia e o céu desprovido de pontos brilhantes caracterizava o frio tempestuoso que batia à porta de quem se aventurava a enfrentá-lo pouco a pouco. Era a festa na realeza. Os mentirosos mesclavam-se com a impetuosa unanimidade, gargalhadas de abutres anunciavam a enraivecida calamidade, a estampada verdade, a tão nublada realidade. Fazendo com que como um rompante a bela dama não mais domada lutasse contra seu pior inimigo. Ressoar de espadas tilintando, gritos finos apagados pelo breu, lágrimas invisíveis a olhos nus, ventanias que uivavam a perda da mais viva luz. Vitima da própria vontade, acovardada pela própria valentia. Ora destemida, agora inacreditavelmente caída aos seus pés. Típica calmaria lograda com o clamor da falsa alegria. Incerteza era rima aos ouvidos da alteza, era a juventude perdida em uma simples estação. Hipocrisia juraria esta de pés juntos. Olharia em olhos teus e depreciaria tamanha covardia. Abriria teus lábios e despejaria veneno, corroeria seu interior como quem nada quer, para ao fim do espetáculo enfiar-lhe a espada que a trucidou em sua mais intima esperança. Todavia, ao raiar do sol, o relógio parou e o soldado que tanto jurou amor, ajoelhou-se perante o túmulo da ultima gota daquela paixão que como uma fênix ressurgia ao encontro da desilusão. Era muito a se esperar, eram séculos que voariam feito mísseis enquanto a loba com sede de viver aguardava seu ressurgimento, era a impotência, era a ardência culminando a bela dama pouco a pouco, enquanto esta recordava o último rompante, o último instante em que o seu coração desabrochou como uma rosa ao encontrar o túmulo del’amor.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

(IN)compreendido


Pobre coração flagelado que bate neste peito inerte, já desgastado. Queixa-se da dor que bateu a tua porta, chora pela velha história. Congelado e impenetrável. Amargo e intragável. Iludido e despedaçado. Coração, teu nome deveria ser criança. Por querer o que não tem, por decompor-se inutilmente. Por sorrir incansavelmente e aos poucos se recompor. Tenho pena de ti, ó desalmado caixote de lembranças. Vinde de longe, e de tal forma entregou-te de bandeja ao ladrão. Cantou ao mundo teu que jamais para este olharia. Gargalhou, debruçou à janela e ao mundo teu berrou tal verdade. Tal verdade chamada mentira. Coração, teu nome deveria ser criança. Onde o amor em tuas mãos seria doce, onde um olhar para ti, compreensão seria. Tamanha veracidade. Tamanha cordialidade. Pergunto-te agora de que tanto adiantou a sublime emoção ser mais gritante do que a razão. Vontade que vem e passa, momentos como neblina aos olhos nus. São mentiras chamadas verdades, é a duvida caracterizando a intrigante realidade. Coração, teu nome deveria ser criança. Por tanto me comparar a uma dama domada. Por querer virar-te as costas e gritar silenciosamente por não poder. Coração Valente. Valente Coração. Teu nome é tua verdade. Teu sofrer, é tua vontade.

domingo, 25 de abril de 2010

Palavras enigmáticas


Tempestades,trovões,raios,gritarias,desilusões.Vida. Conotativamente, mas real. Terrivelmente real. São verdades que tornam-se mentiras com o estalar de dedos ironicos e estranhamente familiares. É o herói que vira vilão ao crepúsculo. É o passado fazendo questão de gargalhar melodiosamente da sua face bestificada com o poder das palavras. É o pôr do sol da tarde de verão que se nubla e consequentemente mescla-se com o matagal inundado pela enchente de pesadelos perseguidores de meninas indefesas. Só que energicamente, prazeirosamente, a cavaleira foi despertada, imposta a tudo e a todos, onde hipócritamente era fácil dizer que a menina antes indefesa, entre o tique-taque interminável do relógio apaixonava-se pela já conhecida desilusão. Que rufem os tambores, o disse-me-disse vai começar, as cenas dignas de um palco, hoje desceram feito nós pela garganta rebelde. As luzes se apagaram, o show acabou, o velho voltou, tudo desmoronou e a pequena Alice em seu país das maravilhas derramou duas incessantes lágrimas da forma mais inocente já vista, querendo assim lavar o passado, lavar o presente. Era pureza. Era a calmaria irritantemente imposta, era a noite mais longa, era o silêncio acompanhado por brasas que a sucumbiam pouco a pouco. Era o tudo, era o nada, era uma enraivecida calamidade, era a dúvida imitando a tal verdade.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Morada do ninguém.


Escuro, sombrio, terrivelmente gélido. Inapropriado, inabitável, indevidamente amado. Bem te quero como chuva no inverno. Como abraços colados, como beijos estalados. Sinto loucamente meu simplório ser se desfalecer por causa sua. Vi minhas entranhas se esmagarem e meu coração pular daqui de dentro. Alcancei seu olhar que me procurava com fome de prazer. Deixei- me levar pelo tortuoso caminho da paixão, acreditei, lutei e como uma cavaleira do destino, perdi para o meu pior inimigo. __É inabitável!__ eu queria falar, gritar na verdade! Mas não podia, meus lábios selados como estavam, não se mexiam, não reagiam a tal força. Meus braços puxados com brutalidades não se defendiam como deveriam, não mostravam que ali não podia alguém existir. Estalidos intermináveis, guerra de heróis. Inerte no chão coberto por ervas daninha hoje já não tem mais valor, o tão disputado amor, fazendo quem se julgas tão sábio, não merecedor do tal ardor. Anjos da desilusão gritem ao mundo que aqui é inabitável! Mostrem ao mundo que aqui não é lugar de um alguém, caracterizando o contente descontentamento. É, quero mais é um abismo tranqüilo, onde os odores são misturados e confundidos, onde o inabitável torna-se a ferida que dói e não se sente. Onde o nada vira o mundo e o mundo vira o nada, onde aqui, deitada nesta relva selvagem, pouco a pouco sucumbindo ao desejo carnal, meu ser se de conta de que ainda resta o muito a ser contado, a ser inventado, a ser irritantemente amado.